Ministério da Cultura revela que o Pará é deficitário quando o assunto são as bibliotecas municipais
As informações foram coletadas durante a realização do primeiro Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais e o Pará aparece como o Estado com maior número de municípios sem bibliotecas. Dos 143 municípios, 21 não possuem um local reservado para estudo e pesquisa, o que é considerado um número alto. Por conta disto, o Governo Federal deverá, segundo o Ministério, dar maior atenção ao Estado com a distribuição de kits, que são livros atualizados com edições recentes às bibliotecas.
O Norte tem uma média de 2,01 bibliotecas por 100 mil habitantes, e no Pará, a média é de 1,60 para cada 100 mil, perdendo somente para o Estado do Acre com 1,44 e do Amazonas com 0,70. Os municípios paraenses com maior número de bibliotecas são: Itaituba, com 1,56, e Castanhal, com 1,23. A capital está entre os piores índices com apenas 0,06. Em Belém, a única biblioteca pública municipal está em situação deplorável. O prédio centenário localizado na rua Siqueira Mendes, em plena orla de Icoaraci, tenta ficar de pé apesar do tempo e do abandono, problemas que não conseguiram apagar a beleza e a delicadeza da antiga construção.
Entre os vários problemas estão acervos desatualizados, falta de acesso à internet, ausência de livros em braile, para serem utilizados por deficientes visuais, e acesso determinado pela lei de acessibilidade. Para ter acesso à biblioteca é preciso subir de escadas e o formato das escadarias dificulta a locomoção de cadeirantes e pessoas com qualquer tipo de deficiência. Estes quesitos foram analisados durante a pesquisa e revelaram que na região Norte, apenas 20% das bibliotecas têm internet, índice considerado abaixo do nacional que é de 45%. Trata-se da menor média no país. Em Belém, a única biblioteca municipal não possui nenhum computador ligado à rede.
Os funcionários revelam que em 2009 os Ministérios da Cultura e das Comunicações enviaram 11 computadores para que fosse montado um Telecentro, com acesso à internet disponibilizado aos usuários e que estes foram roubados da biblioteca.
Segundo as bibliotecárias que trabalham no local, a última aquisição de livros foi em 2004. Atualmente a biblioteca conta com 15 mil livros divididos em didáticos e literários, mas a maior parte possui informações defasadas.
LIVROS VELHOS
A estudante Rebeca Lacerda, 19, comprova as informações. Estudando para prestar vestibular no final do ano, ela conta que frequenta diariamente a biblioteca em função da tranquilidade do ambiente, mas relata que já teve problemas com os livros de matérias
como geografia que sofrem mudanças constantes. “Atualidades e algumas disciplinas que mudam frequentemente não dá para estudar aqui. Os livros são muito velhos e as informações desatualizadas”.
Entre as reclamações dos poucos estudantes que estavam no local na tarde de ontem está o fechamento da biblioteca considerado cedo. No local os móveis são antigos e a sujeira é evidente. Segundo as bibliotecárias, não existem funcionários para a limpeza do ambiente e elas dizem que muitas vezes têm que atender ao público e cuidar da limpeza e arrumação.
As bibliotecárias informam que até 2004 a biblioteca oferecia diversas formas de entretenimento aos usuários, mas que com o fechamento pelo período de quase um ano, os serviços como exibições de filmes e oficinas foram extintos e o público começou a desaparecer. “Antes atendíamos 300 pessoas ao dia, agora são apenas umas 40”, dizem as funcionárias.
A reportagem não conseguiu contato com o Conselho Regional de Biblioteconomia para falar sobre o assunto. A assessoria da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) informou que seus diretores não foram localizados para dar qualquer esclarecimento à reportagem.
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