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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Postos do país adulteram quantidade de combustível em abastecimento

Fraudes foram detectadas pelo Fantástico no Paraná, Rio de Janeiro e SP.

Estabelecimentos chegam a abastecer até 1,4 litro a menos a cada 20 litros.

Os motoristas estão sendo roubados quando abastecem o carro em postos de combustível do país. E o pior: se desconfiar de alguma coisa, não adianta reclamar. A fraude não deixa pistas. Com um controle remoto, o golpista faz a bomba voltar ao normal. O Fantástico comprovou que a fraude existe. E encontrou um dos homens que vendem e instalam nos postos o novo golpe contra o consumidor em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
Você compra a gasolina e não leva tudo o que paga. Ainda faz papel de bobo porque nem percebe que está sendo roubado. E não adianta conferir o marcador da bomba. Como isso acontece? O Fantástico preparou o teste com todo o rigor. Tivemos a auditoria permanente da Associação Brasileira de Combate à Fraude. E os exames foram feitos pela empresa Falcão-Bauer, a maior do Brasil no setor de controle de qualidade, e credenciada pelo Inmetro.
Os técnicos criaram um equipamento especial para o carro da reportagem. É um tanque de combustível de 20 litros, o volume padrão regulamentado para testes. Ele é todo transparente, para que você possa acompanhar em tempo real o roubo no posto de gasolina.

São Paulo

Começamos por São Paulo, que tem a maior frota de carros no país: mais de sete milhões de veículos. Postos denunciados por consumidores foram visitados pelas equipes do Fantástico. São de todas as marcas e de todas as regiões da cidade.
O carro da reportagem chega já abastecido. Na verdade, o combustível comprado cai diretamente no equipamento que está na mala do carro. Em todos os postos, pedimos 20 litros de gasolina, o volume padrão. Depois, levamos cada amostragem para o laboratório. A aferição é feita em um recipiente aprovado pelo Inmetro. Quando a quantidade está correta, o combustível completa o aferidor até a marca do zero.
A margem de erro é de 100 mililitros. A tolerância prevista na lei é de 100 mililitros abaixo ou acima dos 20 litros. Ou seja, 0,5% do total.
Um posto botou a menos 1.350 ml de gasolina. E encontramos resultados piores do que esse. A localização é boa, o preço atrai, o consumidor faz fila. Mas ele está sendo iludido. Este é o posto campeão do roubo de combustível na cidade de São Paulo. Na amostragem comprada, a bomba marcou 20 litros, mas foi roubado 1.400 ml.
O prejuízo na verdade é ainda maior, porque um teste de qualidade nesse combustível mostrou que o que foi comprado como gasolina era quase totalmente, álcool, etanol. “Foi constatado 64% de teor de etanol na gasolina. Isso é irregular. O máximo é 21%”, diz o coordenador técnico Evair Missiaggia.
O gerente não apareceu. Mas nós encontramos um motoboy que sempre abastece ali. Ele diz conhecer o golpe e como faz pra se defender.
Na mostra padrão oficial de 20 litros, 1,4 litros de diferença. Isso significa que em um carro popular, por exemplo, para abastecer um tanque de 50 litros, você é roubado em 3,5 litros.

Rio de Janeiro

Em um dos postos testados pelo Fantástico, no Rio de Janeiro, a situação é pior ainda. A fraude chegou a 12%. Significa que para encher um tanque de 50 litros, o consumidor é roubado em seis litros.
Os testes feitos no Rio foram idênticos aos de São Paulo. As amostras compradas em postos denunciados pelo consumidor seguiram para o laboratório. Em um posto, foram 2,41 litros a menos. Isso corresponde a 6 litros em um tanque de carro popular.
Paraná
Para investigar o submundo do mercado de combustíveis no Brasil, o Fantástico precisou fingir que entrava nesse ramo de negócios. Durante dois meses, o repórter Eduardo Faustini assumiu o comando de um posto que fica em uma das principais ruas de Curitiba, no Paraná. O posto ficou fechado nesse período, não recebeu nenhum consumidor. Portanto ninguém foi prejudicado. Mas foi aqui que nós ouvimos as propostas de golpes, fraudes, todo tipo de negócio sinistro, sempre para roubar, e muito, o bolso consumidor.
Primeira descoberta: é fácil comprar combustível clandestino. Sem nota, sem fiscalização. Nosso repórter liga para o fornecedor de etanol. R$ 1,67 é um preço muito abaixo do valor no atacado quando os impostos são pagos. Não é só o país que perde com a sonegação. Com essas remessas clandestinas donos de postos adulteram o combustível. O truque é simples: o álcool é despejado no tanque da gasolina. Todo o etanol comprado pelo Fantástico está agora sob a guarda da Associação Brasileira de Combate à Fraude para ser encaminhado às autoridades.
Em Curitiba, nós também testamos postos suspeitos de roubar na quantidade vendida ao consumidor. E voltamos aos dois onde a diferença foi maior. Os gerentes ficam nervosos, falam ao celular. Mas a situação mais comum é aquela mesma: na frente da câmera, tudo certo. As bombas que roubam o consumidor apresentam a medida correta: 20 litros.
No posto em que o teste demonstrou que é feito o maior roubo. Em uma avaliação de 20 litros, o roubo foi de 1,46 litros.

Controle na mão do frentista

Como uma bomba que roubava para de roubar de uma hora pra outra? É o que vamos revelar agora. Em vários postos flagrados roubando o motorista, ouvimos o mesmo nome de um técnico em manutenção. Ele é quem aparece mexendo na bomba de outro posto que visitamos em Curitiba.
Seguimos a pista. O repórter Eduardo Faustini, no papel de dono de uma rede de postos interessada na fraude, faz contato com Cléber. E, sem saber que estava sendo gravado, Cléber Salazar vai ao posto fechado.

Como funciona o golpe

Cléber entrega como o esquema funciona. A fraude eletrônica é instalada separadamente, em cada saída de combustível, que ele chama de bico.
Repórter: Gastaria quanto por todas?
Cléber: É por bico, que lá a gente pega por bico.
Repórter: Faz o cálculo aí mais ou menos.
Ele faz o cálculo. Cada bico fraudado custa R$ 5 mil.
Cléber: R$ 90 mil! R$ 90 mil para instalar uma fraude acionada por controle remoto. A placa é o circuito eletrônico que controla a bomba de combustível.
Repórter: Mas você está usando a minha placa ou a sua placa?
Cléber: Não, eu não uso a sua placa. A gente tira aquela placa e põe outra.
Daqui a pouco você vai ver como ela é adulterada.
Repórter: Você faz a manutenção disso?
Cléber: Isso. Aí nós vamos acertar um mínimo por mês. Um xis lá por mês. Para eu cuidar pra você, te avisar. Cuidado, vai lá, vem cá, entendeu?
Na despedida, Cléber já está à vontade.

Leia mais em 
Fonte: G1

Nota do Bloguama: Os fatos apenas comprovam o que muitas vezes já desconfiavamos, porém não tínhamos como provar. Parabéns a equipe de reportagem do Fantástico e muito cuidado ao abastecer seu veículo para não ser lesado.

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