Merval Pereira, O Globo
A luta dos
petistas às vésperas do julgamento do mensalão, como sempre, está muito
bem coordenada e parece ter mais uma vez na figura do ex-ministro da
Justiça Márcio Thomaz Bastos o articulador das manobras políticas no
campo jurídico, enquanto outro ex-ministro, José Dirceu, é o braço
político-partidário das pressões sobre o Supremo Tribunal Federal.
O
criminalista Márcio Thomaz Bastos representa o ex-diretor do Banco
Rural José Roberto Salgado, um dos réus do mensalão, enquanto Dirceu é
classificado como “chefe da quadrilha” pela Procuradoria Geral da
República.
O fato de ser bem coordenada não significa que dê
resultados, como está se vendo na CPI do Cachoeira, imaginada por Lula e
Dirceu para inviabilizar o julgamento do mensalão, ou na pressão do
ex-presidente
sobre ministros do STF, que, na prática, acabaram provocando um clima de mal-estar na opinião pública que levou à marcação do julgamento para o dia 1 de agosto.
sobre ministros do STF, que, na prática, acabaram provocando um clima de mal-estar na opinião pública que levou à marcação do julgamento para o dia 1 de agosto.
Assim como, por ocasião do
mensalão, foi Thomaz Bastos quem criou a tese de que o que acontecera
foi o uso do caixa dois nas campanhas eleitorais, um crime eleitoral
menor, agora a tese de que a mídia faz “publicidade opressiva” sobre o
caso, interferindo na imparcialidade do julgamento, é também de sua
autoria, enquanto Dirceu politiza a questão de maneira mais direta,
conclamando a UNE e a Juventude Socialista do PCdoB a saírem às ruas
para defendê-lo na “batalha final”.
Alegando que o “monopólio da
mídia” quer condená-lo a qualquer custo, Dirceu exige um “julgamento
técnico”, mas, no discurso, diz que “este julgamento é uma batalha
política” que “deve ser travada nas ruas também”, marcando não apenas a
contradição entre suas palavras e atos, mas, sobretudo, uma ameaça de
pressão ilegítima de forças do aparelho partidário sobre o Supremo
Tribunal Federal nunca vista antes.
O ex-ministro Thomaz Bastos
diz que acha “fundamental” a vigilância da imprensa, “mas só até certo
ponto”, pois, quando ela erra, coloca em risco a imparcialidade dos
julgamentos: ele se refere com frequência ao “peso que a imprensa tem na
opinião pública e do peso que a opinião pública e a imprensa têm nos
julgamentos”, admitindo que essa influência é maior nas sentenças
proferidas pelos tribunais de júri e pelos juízes singulares.
Leia a íntegra em Uma disputa política
nOBLAT
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