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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LOUCO


Conta uma lenda urbana que um homem chegou a um hospício numa camisa de força, arrastado por dois enfermeiros. Ao chegar, foi prontamente entrevistado pelo psiquiatra para determinar seu grau de sanidade. O homem afirmou categoricamente: “Eu não sou louco!”. A resposta do psiquiatra veio rápida: “Aqui todos dizem a mesma coisa”. Do ponto de vista do louco, o grande paradoxo é que, ao negar sua loucura, ele a confirma. Vida de louco é mesmo uma loucura.
Parecem existir pelo menos dois tipos de pessoas a quem chamamos de louco: o primeiro tipo é o caso clinico que precisa de tratamento psiquiátrico, melhor discutido pelos especialistas no assunto; o segundo é o inovador, aquele que simplesmente discorda da opinião da maioria.
A dificuldade é que o ser humano vem sem classificação indicativa que permita separar o insano do inovador. Afinal, como disse Caetano, de perto, ninguém é normal.
Ser inovador dá trabalho. Implica estar disposto a ser, pelo menos por algum tempo, classificado como louco.
Inovador é aquele sujeito que sai da norma. É o diferente. É o que não segue os padrões e não vê, ou não considera, as limitações a que a grande maioria dá tanta importância. É alguém que enxerga sozinho aquilo que, embora seja verdadeiro, não é visto pelos demais. Inovação é o casamento da loucura com o método.
Empresas (ou qualquer outra organização humana) têm dificuldade em separar loucos de inovadores e, por isso, perdem muito. Existe uma tensão entre o desejo das grandes corporações de inovar e o desconforto com a energia despendida e o conflito que as inovações necessariamente trazem.
Jamais li um anúncio de emprego pedindo gente sem criatividade, mas vi muitas pessoas deixarem de ser contratadas porque pensam de maneira diferente da norma, ou têm uma abordagem diferente (às vezes até mais eficiente) dos problemas. Na dúvida, empresas contratam profissionais conservadores.
Nossos ouvidos podem captar sons ou, alternativamente, silêncios ensurdecedores. Se nos concentrarmos, poderemos ouvir o silêncio das almas penadas e dos corpos em coma das empresas que não inovaram.
Empresas que esqueceram de trazer para seus quadros gente que pudesse desafiar construtivamente o “status quo” e encontrar soluções, produtos e processos capazes de resolver problemas que os outros sequer enxergam.
Essas empresas, invariavelmente, esqueceram que um dia elas mesmas foram fundadas por pessoas que, no começo, foram chamadas de loucas. Esqueceram que gênio é o louco que estava certo.

Elton Simões mora no Canada há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FVG); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (Univesity of Victoria). Email: esimoes@uvic.ca. Escreve aqui às segundas-feiras.

nOBLAT

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