A governadora Ana Júlia Carepa afirma que irá entregar uma 'herança bendita' ao seu sucessor e adversário nas últimas eleições, Simão Jatene (PSDB), que assume a administração do Estado no próximo sábado. Em entrevista à repórter Keila Ferreira, na manhã de ontem, durante a entrega da primeira etapa do Terminal Hidroviário Luiz Rebelo Neto, na rodovia Arthur Bernardes, a petista disse considerar injustas as declarações dos tucanos, sobre o que classificam de 'herança maldita', referência à díficil situação em que, segundo consideram, o Pará se encontra. Ela alega que, quando assumiu, o governo o tinha mais de R$ 300 milhões em dívidas. 'Algum atraso é natural. Até porque, se eu recebi com atraso, naturalmente que isso prejudicou o meu mandato. Eu tive que pagar contas atrasadas. Eu só estou devolvendo para eles os atrasos que me deixaram, mas menor. Quero registrar isso', destacou. Para a governadora, os deputados estaduais da oposição foram os principais responsáveis pela não conclusão de vários empreendimentos durante a sua gestão. 'Eu não vou orientar que os nossos deputados do PT, por exemplo, votem contra um pedido de financiamento como eles [os de oposição] fizeram, prejudicando muito o desenvolvimento do Estado. Porque obras como esta [o terminal hidroviário] poderiam estar concluídas, se não fosse eles terem prendido o recurso que o governo federal liberou para nós, para exatamente compensar as perdas de crise', declarou. A seguir, a íntegra da entrevista.
Por que a senhora resolveu entregar algumas obras, mesmo sem estarem concluídas?
Eu recebi obras inconclusas, e não foram poucas. Eu não acho justo não inaugurar porque faltam 2% para elas serem concluídas. Ontem [terça-feira], eu inaugurei o Parque Tecnológico. Durante a inauguração, o dr. Carlos Maneschy (reitor da Universidade Federal do Pará) disse que eu já marquei o meu nome na história do Pará, em relação ao desenvolvimento do nosso Estado. Tem uma governadora que pensou no futuro do Pará, na transformação do modelo de desenvolvimento, que só pode ser feito com pesquisa, com investimento em ciência e tecnologia. E foi o que nós fizemos. Investimos mais de R$ 150 milhões em ciência e tecnologia. Inauguramos um parque tecnológico, o melhor de toda a Região Norte, que já tem um centro de excelência em eficiência enérgica. Está sendo construído um laboratório de qualidade de leite, antes não tinha nenhum. Vai ter um instituto tecnológico da Vale, um laboratório de alumínio. O Pará foi agraciado com quatro institutos de doenças virais, de biodiversidade. As mudanças que nós fizemos neste Estado, como disse o reitor, vão ficar para o futuro. O nosso governo vai ser reconhecido na História como o governo que sempre teve a coragem de fazer essa mudança profunda. Eu avalio, inclusive, que a gente pagou um preço, porque essa mudança profunda que nós fizemos não tem um efeito imediato, não tem efeito eleitoral. Mas quase 1 milhão e meio de pessoas reconheceram.
Foi por isso que a senhora perdeu a eleição?
Não. Eu acho que esse é um dos motivos, com certeza absoluta. Priorizamos as transformações profundas no modelo de desenvolvimento do Pará. O Pará não podia mais ser um Estado rico com povo pobre. Essa riqueza tem que ser transformada aqui, mas para isso é preciso de pesquisa, investimento em ciência e tecnologia, em benefícios para os povos.
Quais seriam os outros motivos?
Não vou fazer uma avaliação aqui, mas esse com certeza foi um dos motivos, porque nós investimos em coisas que têm pouca visibilidade para a sociedade, mas cujos benefícios vão ficar para sempre na vida das pessoas. Isso é que me dá alegria.
O liberal
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