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sábado, 25 de dezembro de 2010

Dilma e seus desafios

 O governo da presidente Dilma começa sem os problemas de confiança enfrentados por Lula no início do seu primeiro período. E essa é uma boa vantagem.
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No entanto, os desafios que se antepõem ao longo do primeiro mandato serão provavelmente maiores do que os peitados pelo presidente Lula.

Começa com o fato de que Dilma não é Lula. Não tem o mesmo carisma e provavelmente terá mais dificuldades para dobrar a selvageria política de uma boa parte de sua base de sustentação, que atua dentro dos conhecidos critérios fisiológicos e está acostumada a fazer cobranças pouco leais ao longo do jogo.
Boa pergunta consiste em saber se a presidente Dilma terá a mesma capacidade de segurar as rédeas se estourar um desses escândalos que atacaram a administração Lula, como o do mensalão, o dos aloprados ou, mesmo, o da Operação Satiagraha.
O primeiro desafio é, portanto, político. Não se trata de enfrentar uma oposição combativa, que hoje não existe. Trata-se da capacidade de manter um mínimo de coordenação da base de sustentação no Congresso e na rede de governadores num ambiente de disputa acirrada por verbas públicas bem mais escassas do que estiveram ao longo dos dois últimos anos.
Dilma está sendo chamada a pilotar o País em 2011, num ambiente de fortes incertezas externas, tendo de pisar mais no freio do que no acelerador. O crescimento do PIB dificilmente poderá passar dos 4,5% a 5,0% ao ano. A inflação está bem mais acirrada e dificulta o objetivo já anunciado de derrubar os juros reais para 2% até 2014.
A enorme agenda de investimentos prevista pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de R$ 1,59 trilhão em quatro anos, terá de ser conduzida numa situação em que nem o setor público (especialmente o Tesouro) nem o BNDES estarão em condições de dar cobertura financeira como vinham dando até meados deste ano.
Parece também consolidada a percepção de que a cotação do dólar em reais não pode cair muito abaixo de R$ 1,70, sob pena de provocar grave deterioração na capacidade de competição do produto brasileiro. Isso significa, também, que está praticamente esgotada a possibilidade de contar com o uso do câmbio como âncora dos preços. É bom esclarecer que, durante o governo Lula, o Banco Central não manobrou o câmbio de modo a usá-lo como instrumento de controle dos preços. No entanto, na medida em que mergulhou de R$ 1,80 no início de 2007 para R$ 1,70 nos últimos meses da administração Lula, a cotação do dólar ajudou a conter a inflação, uma vez que barateou os produtos importados. Esse efeito colateral positivo já ficou bem menos importante.
No mais, Dilma tem pela frente uma imensa pauta de reformas: reforma tributária, previdenciária, política, sindical e trabalhista e tantas outras mais. Se não as enfrentar no primeiro ano de mandato, enquanto contar com alto apoio amealhado por mais de 55 milhões de votos, dificilmente conseguirá sucesso nessa empreitada. A maioria dessas reformas implica altos custos políticos. E, no entanto, em 2012 haverá eleições municipais, ambiente que dificultará aprovações de custo popular. E 2013 e 2014 serão anos que exigirão novas costuras eleitorais.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/2010/12/18/dilma-e-seus-desafios/

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