O ministro Luiz Fux
chegou ao Supremo Tribunal Federal com uma atitude diferente da maioria
daqueles que sonham com a cadeira da mais alta Corte de Justiça do
país. Em regra, os candidatos submergem e não comentam a possibilidade
ou a vontade de ascender ao STF. Quanto menos pessoas souberem da
intenção, melhor. O que importa é falar com quem tem poder de decisão.
Já
Luiz Fux sempre declarou alto e bom som, para quem quisesse ouvir, que
seu objetivo era chegar ao Supremo. “Eu me preparei a vida inteira para
chegar à Corte”, repetiu à exaustão depois de sua nomeação pela
presidente da República, Dilma Rousseff, em fevereiro passado. Antes
disso, não escondia a luta para ser escolhido. “Não tive medo de,
se não fosse indicado, passar por uma pessoa frustrada que não
conseguiu. De qualquer maneira, teria tentado”, afirma.
Há
três meses no tribunal ao qual chegou depois de 28 anos de magistratura,
o ministro caçula teve de enfrentar matérias para decano nenhum botar
defeito. Sentiu o peso da toga no STF apenas 15 dias depois de sua
posse, ao dar o voto de minerva que impediu a aplicação da Lei da Ficha
Limpa nas eleições de 2010. Depois disso, uma bateria de discussões
complexas: união homoafetiva, vaga de suplente na Câmara dos Deputados, extradição de Cesare Battisti e legalidade da marcha da maconha.
Em entrevista concedida à revista Consultor Jurídico em seu gabinete no Supremo, o ministro brinca com o fato: “Embora
eu tenha dito que me preparei a vida inteira para julgar, não imaginei
que a cada semana teria de estar preparado para dar um murro em ponta de
faca. Estou ficando com a mão estragada”.
O ministro
demonstra especial preocupação com a legitimidade social das decisões
judiciais e com sua compreensão pela população. Para ele, as decisões
têm de estar próximas "da ética que a sociedade espera delas". Isso não
significa, contudo, que o Supremo possa ser pautado pela opinião
pública. "Muitas vezes, é necessário defender a sociedade dela própria".
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