O que um professor pode re-aprender em uma olimpíada de matemática?

O que um professor pode re-aprender em uma olimpíada de matemática?

Marcos Antonio de Carvalho*

No ultimo 11 de setembro, sábado, fui convidado a colaborar como aplicador das provas da 6ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP/2010.

O centro de aplicação foi o PA 010492 E E E M Frei Miguel de Bulhões. Depois das instruções do coordenador, dirigi-me a sala de trabalho (sala 06). Diante de um longo tempo que teria pela frente e com a tranqüilidade que o trabalho transcorria (pois um número assustador de alunos faltosos permitiu isso) iniciei um monólogo de minha consciência reflexiva. Entre outras reflexões sobre a educação brasileira, prendi-me a uma que deixa professor atento e desanimado: remuneração.

Pela aplicação das provas da OBMEP/10, o aplicador deverá receber o pagamento de R$-120,00 (isso a título de ajuda de custo aos aplicadores de prova).

Minhas reflexões partiram, matematicamente, com base neste valor e me conduziram a cálculos interessantes, as quais estão expostas a seguir:

a) Tempo de trabalho: das 13 às 17:30h (ou seja 270 minutos, equivalentes 6 aulas de 45 minutos);

b) R$-120,00 / 6 hora aula = R$20,00 ( a hora aula);

c) Logo, 100h X R$-20,00 = R$ 2.000,00 (mês para 100h/a).

Então o que um professor pode, também, aprender com a Prova a OBMEP?

1- Que embora os valores de seu salário estejam “errados”, os cálculos estão sempre “certos” e exatos;

2- Que finalmente temos certeza que há uma luz no fim do túnel, mas que os interruptores não estão ao alcance do professor;

3- Que esse valor, que é apenas uma ajuda de custo, o próprio custo deve ser bem, mais muito bem, menor.

*Professor do Ensino Secundário e Superior, Doutorando em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Pt e Pesquisador do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade/ CEPESE